O que é necessário para se tornar uma lenda? Você deve estar pensando, “se fosse tão fácil dizer, o mundo seria repleto delas”. Mas é claro que, nos esportes, os números podem, também, ajudar bastante a definir quais indivíduos simplesmente passaram pela história e quais fizeram a história.
É fácil listarmos algumas lendas esportivas, pois não é todo dia que surge uma. Entre elas, alguém que participa de quatro edições da Copa do Mundo de futebol e seu time sai campeão em três delas tem lugar garantido. Outro que carrega uma antes inexpressiva franquia da NBA a seis títulos em oito anos, também. Bem como outro que, dos 18 aos 39, sobe em um ringue de boxe 61 vezes e em 56 delas termina comemorando.
Mas será que apenas números são o bastante para se definir uma lenda? Certa vez ouvi uma frase simples, mas verídica, que naquela época mudou por completo meu modo de acompanhar basquete (o meu esporte favorito): “tem gente que usa os números igual um bêbado usa um poste – mais para apoio do que para iluminação”.
Então venho trazer aqui um exemplo de lenda que tem esse “algo a mais que os números”. Muitos pensam que o esporte que ele pratica é chato, o que eu discordo por completo, mas seu legado vai muito além do simples esporte.
Seu nome é Lance Edward Armstrong. Ciclista. Campeão mundial de ciclismo em 1993, aos 22 anos, o jovem se tornou a grande promessa do esporte nos EUA. Sua mãe, grávida aos 17 anos e abandonada pelo então companheiro, foi contra o aconselhamento de seus familiares e optou por ter Lance e criá-lo sozinha (tenha em mente que o aborto é legalizado nos EUA). Sem a presença de um pai, mãe e filho passaram por enormes dificuldades durante a criação do garoto.
Semelhante a várias histórias de vida de atletas, o esporte surgiu como válvula de escape para as dificuldades. Ainda adolescente, ele começava a se destacar nas competições ciclísticas de seu estado, o Texas, vencendo até mesmo entre os adultos. Começou a participar de grandes competições interestaduais e internacionais. O esporte mudou sua vida.
Em 1996, no auge de seu sucesso (até então), aos 25 anos, Armstrong foi a uma consulta para saber o motivo de um inchaço anormal em seu testículo, que ficou do tamanho de uma laranja. Ele tinha câncer testicular, que havia se espalhado para seu abdômen, seus pulmões e seu cérebro. Uma carreira acabada e uma vida por um fio, foi o que se pensou. Duas cirurgias de remoção de tumores, uma no testículo (removido) e a outra no crânio. Após esta segunda, os médicos lhe deram menos de 40% de chance de sobreviver ao tratamento.
Contrariando as previsões, como a mãe o fez na gravidez, Armstrong superou a doença. Em janeiro de 1998, ele voltou a treinar para competir novamente no ciclismo profissional. Algo inacreditável. Em 1997, ele fundou a “Lance Armstrong Foundation”, organização em apoio às vítimas de câncer. Lembra daquelas pulseirinhas amarelas de silicone Livestrong que eram febre aqui no Brasil há uns cinco anos? Quando você as comprou, a renda foi para essa fundação, para ajudar no tratamento do câncer no mundo.
No ano seguinte, ele entrou na competição mais importante do ciclismo, a Volta da França. Um dos eventos esportivos mais duros que existem, onde se pedalam cerca de 3 mil quilômetros em menos de um mês, subindo montanhas terrivelmente íngremes. Pensando na analogia do bêbado e do poste, vamos simplificar os números dele nessa competição: ele foi campeão de sete edições consecutivas, se aposentando em 2005. Sete. O número da perfeição, o número de uma lenda.
Eu poderia me delongar falando desta que é uma das competições esportivas mais empolgantes que já vi, mas não é essa a intenção do texto. E sim a de tornar uma lenda conhecida, pois ela merece. Em caso de querer saber mais sobre a parte esportiva da história, comente aí, que podemos resenhar!
Dica
Armstrong escreveu sua biografia no livro chamado, em português, “Minha jornada de volta à vida” (ISBN: 0425179613 / ISBN-13: 9780425179611). Caso se interesse nos detalhes da trajetória desse herói, recomendo muito o título, já incluso em nossas dicas literárias. Aos que lêem em inglês, recomendo comprar nesta página, por um ótimo preço.
É fácil listarmos algumas lendas esportivas, pois não é todo dia que surge uma. Entre elas, alguém que participa de quatro edições da Copa do Mundo de futebol e seu time sai campeão em três delas tem lugar garantido. Outro que carrega uma antes inexpressiva franquia da NBA a seis títulos em oito anos, também. Bem como outro que, dos 18 aos 39, sobe em um ringue de boxe 61 vezes e em 56 delas termina comemorando.
Mas será que apenas números são o bastante para se definir uma lenda? Certa vez ouvi uma frase simples, mas verídica, que naquela época mudou por completo meu modo de acompanhar basquete (o meu esporte favorito): “tem gente que usa os números igual um bêbado usa um poste – mais para apoio do que para iluminação”.
Então venho trazer aqui um exemplo de lenda que tem esse “algo a mais que os números”. Muitos pensam que o esporte que ele pratica é chato, o que eu discordo por completo, mas seu legado vai muito além do simples esporte.
Seu nome é Lance Edward Armstrong. Ciclista. Campeão mundial de ciclismo em 1993, aos 22 anos, o jovem se tornou a grande promessa do esporte nos EUA. Sua mãe, grávida aos 17 anos e abandonada pelo então companheiro, foi contra o aconselhamento de seus familiares e optou por ter Lance e criá-lo sozinha (tenha em mente que o aborto é legalizado nos EUA). Sem a presença de um pai, mãe e filho passaram por enormes dificuldades durante a criação do garoto.
Semelhante a várias histórias de vida de atletas, o esporte surgiu como válvula de escape para as dificuldades. Ainda adolescente, ele começava a se destacar nas competições ciclísticas de seu estado, o Texas, vencendo até mesmo entre os adultos. Começou a participar de grandes competições interestaduais e internacionais. O esporte mudou sua vida.
Em 1996, no auge de seu sucesso (até então), aos 25 anos, Armstrong foi a uma consulta para saber o motivo de um inchaço anormal em seu testículo, que ficou do tamanho de uma laranja. Ele tinha câncer testicular, que havia se espalhado para seu abdômen, seus pulmões e seu cérebro. Uma carreira acabada e uma vida por um fio, foi o que se pensou. Duas cirurgias de remoção de tumores, uma no testículo (removido) e a outra no crânio. Após esta segunda, os médicos lhe deram menos de 40% de chance de sobreviver ao tratamento.
Contrariando as previsões, como a mãe o fez na gravidez, Armstrong superou a doença. Em janeiro de 1998, ele voltou a treinar para competir novamente no ciclismo profissional. Algo inacreditável. Em 1997, ele fundou a “Lance Armstrong Foundation”, organização em apoio às vítimas de câncer. Lembra daquelas pulseirinhas amarelas de silicone Livestrong que eram febre aqui no Brasil há uns cinco anos? Quando você as comprou, a renda foi para essa fundação, para ajudar no tratamento do câncer no mundo.
No ano seguinte, ele entrou na competição mais importante do ciclismo, a Volta da França. Um dos eventos esportivos mais duros que existem, onde se pedalam cerca de 3 mil quilômetros em menos de um mês, subindo montanhas terrivelmente íngremes. Pensando na analogia do bêbado e do poste, vamos simplificar os números dele nessa competição: ele foi campeão de sete edições consecutivas, se aposentando em 2005. Sete. O número da perfeição, o número de uma lenda.
Eu poderia me delongar falando desta que é uma das competições esportivas mais empolgantes que já vi, mas não é essa a intenção do texto. E sim a de tornar uma lenda conhecida, pois ela merece. Em caso de querer saber mais sobre a parte esportiva da história, comente aí, que podemos resenhar!
Dica
Armstrong escreveu sua biografia no livro chamado, em português, “Minha jornada de volta à vida” (ISBN: 0425179613 / ISBN-13: 9780425179611). Caso se interesse nos detalhes da trajetória desse herói, recomendo muito o título, já incluso em nossas dicas literárias. Aos que lêem em inglês, recomendo comprar nesta página, por um ótimo preço.
Vídeos
Lance Armstrong é MITO.
ResponderExcluirThiéres
ResponderExcluirUm amigo meu que curte ciclismo e corrida me enviou um link da National Geographic interessante sobre o Armstrong. Vale a pena conferir.
http://news.nationalgeographic.com/news/2005/07/0722_050722_armstrong.html
Não lembrava que ele venceu 7 vezes seguidas!
Feed the warrior 20 pounds!!!
http://www.youtube.com/watch?v=zHtFixj0cWk
Alberto, obrigado por prestigiar novamente minha coluna "Não é pra qualquer um"! Divulgue-a o quanto puder, para podermos acabar com o monopólio futebolístico do Brasil! haha
ResponderExcluirhahaha Sensacional esse comercial!
Eu li o texto. No início do livro dele, ele comenta sobre essa questão do ácido láctico. Mas é bom mostrar o que eles bem frisaram aí: Armstrong não é o que é por ser sobre-humano, mas porque ele tem uma disciplina de treinos anormal.
Grande abraço e fique com Deus!
Mano, parabéns pelo seu texto. Como já disse para você ele está sensacional e conta uma linda história do esporte.
ResponderExcluirGrande abraço !
Mário Gomide