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domingo, 15 de agosto de 2010

"Crônica F.C." - Pagar um Café

Primeiramente, era para eu escrever um texto sobre algum acontecimento histórico ligado ao futebol, não consegui. Um fato me incomodou profundamente durante a semana inteira. Mesmo não tendo relação nenhuma com futebol percebi que seria o mote do meu texto sobre o esporte mais popular do planeta.

Essa semana fiz a vistoria e o emplacamento do meu carro e me senti em “Tropa de Elite”. Vi que o “sistema” funciona, mas é corrompido. A possibilidade de se obter vantagens escusas é infinita, uma rede de influência absurda que se resume em uma frase, “paga um ‘café’ pra fulano ou beltrano que aliviam pra você.”

Isso me lembrou o futebol. Corrupção e hipocrisia. Não é necessário pensar muito pra se lembrar de inumeráveis casos de envolvimento da cartolagem com “mutretas.” O imperador do nosso futebol e eterno presidente da CBF, Ricardo Teixeira, há menos de 10 anos estava envolvido até o pescoço com uma CPI que investigava irregularidades na venda de jogadores para a Europa, contratos de patrocínio, desvios previdenciários e sonegação. Parecia que os problemas de obscuridade em nosso futebol seriam resolvidos. Teixeira foi ouvido, além de inúmeros presidentes de federações estaduais, clubes e alguns jornalistas. A maioria conseguiu se safar, um ou outro foi pego como bode expiatório, exemplo, o presidente da Federação Mineira de Futebol, Elmer Guilherme.

Outros mais espertos e até mais perigosos deram o ar de sua graça até quando puderam. Eduardo Viana, o Caixa d`água, que mandava e desmandava no futebol carioca até pouco antes de sua morte em 2006; Alberto Dualib, ex-presidente do Corinthians e responsável pelo vexame do campeonato brasileiro de 2005, o mais vergonhoso e comprado da história; Eurico Miranda que nos brindava com pérolas como “Sempre digo lá em Brasília que não sou representante do povo. Sou representante do Vasco” nos seus tempos de deputado(!) federal; sem contar Zezé Perrella que nunca consegue explicar as “engenharias” de suas transações mirabolantes...

“Bom seria” se fossem apenas os cartolas, mas, volta e meia, funcionários de clube estão envolvidos em negociações estranhas. Maior exemplo disso é o tarimbado e decadente técnico do Clube Atlético Mineiro, V(W?)anderle(i??)y Luxemburgo, envolvido na mesma CPI de Teixeira e que sempre tem seu nome ligado a problemas e escândalos que vão de falsidade ideológica à fraude eleitoral passando por irregularidades no agenciamento de jogadores.
Para se ter idéia, a última acusação referente ao treinador diz respeito sobre um suposto calote dado por ele e seus sócios aos seus franqueados do IWL, Instituto criado pelo treinador em 2008 para formar profissionais para o futebol, mas que teve vida curta.

Continuando na “Cidade do Galo”, outro personagem interessante é o Presidente do clube, Alexandre Kalil. Não, não, o mandatário alvinegro nunca teve seu nome relacionado a algo suspeito no futebol. Muito pelo contrário, sempre foi tido como um defensor da ordem no esporte. Lembra quando eu disse de corrupção e hipocrisia? Pois é.

“Kalilzinho Light” incorporou o mundo do futebol. Bradava aos quatro ventos sua insatisfação contra a idoneidade de entidades como a CBF e a FMF. Acusava outros clubes de corrupção e formação de quadrilha e com o dedo em riste ameaçava árbitros. Porém, era teatro como quase tudo no futebol. Como bom cartola, não fugiu do script e deu uma banana pra tudo que defendia como consta na reportagem de Hoje em Dia de 23/03 do repórter Gláucio Castro:

"Desafetos há dez anos, o presidente do Atlético, Alexandre Kalil, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, selaram a paz. A convite do próprio Teixeira, os dois tiveram um encontro segunda-feira na sede da entidade no Rio de Janeiro. Após a reunião, Alexandre Kalil, fez questão de deixar claro que as divergências do passado já foram superadas.

Quando era presidente do Conselho Deliberativo do Atlético no início dos anos 90, Alexandre Kalil disparou várias críticas contra a entidade, muitas delas direcionadas ao presidente Ricardo Teixeira. “Acertamos que o Atlético tem que ser inserido com carinho dentro da CBF, o que passou, passou. Obviamente, se ele me chamou, é porque está disposto à paz, e o Atlético não é um clube que briga beligerante, não. O Atlético é um clube que briga por seus direitos. Quando não há motivo, a gente aproxima”, disse Kalil em entrevista à Rádio Itatiaia."

O futebol é uma festa, só resta saber se regada à pizza ou café...

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