Eu botei na minha cabeça que esse teria que ser um baita texto. A carga emocional que existe por detrás dessas palavras é enorme e não há a menor demagogia minha ao escrever isso. Ayrton Senna dizia que correr e competir estavam em seu sangue. Fazia parte de sua vida e vinha antes de todo o resto. Eu digo o mesmo, mesmo que não venha conseguindo treinar e ir pro Kartódromo como gostaria. O que me conforta é saber que direta ou indiretamente essa paixão vem me guiando.
Por isso, esse final de semana vai ser especial. Um dos maiores responsáveis por alimentar em mim esse sentimento completa um marco em sua história. Domingo, 29 de agosto, certamente ficará na minha memória. O dia dos 300 grandes prêmios de Rubens Barrichello na Fórmula 1.
Rubinho é um caso raro na história de nosso automobilismo. Mago da chuva, levou multidões à Interlagos, porém foi criticado na mesma proporção. Guiou carros ruins e operou milagres, mas foi justamente quando teve o melhor carro do grid que mais sofreu. Durante anos carregou um pesado fardo, o de ser o novo “Senna”. Fardo esse que acabou trazendo conseqüências, nem sempre boas, pra sua carreira.
Lembro-me perfeitamente da primeira corrida que vi de Barrichello. Grande Prêmio do Brasil de 1999. Lá se vão 11 anos, 12 temporadas e 201 corridas. Rubens e sua Stewart Ford chegaram a liderar a prova. Só que um motor estourado acabou com a festa do piloto e da torcida brasileira. Porém, pra um menino no alto de seus 8 anos bastou.
Hoje parando pra pensar, a configuração da minha vida atual se deve à essa corrida. E é simples constatar isso. Não fosse essa corrida, eu não teria começado a pilotar karts, não teria tentado fazer engenharia, não teria largado a maldita engenharia e começado o amado jornalismo. Aquela corrida foi o início, mas se Barrica não tivesse correspondido não adiantaria nada. Os meninos crescem e as vontades mudam.
Fato é que o tempo passou e eu continuo com minha paixão infantil.
Nesse tempo, vi shows dignos de um campeão dados por Rubinho. Vi corridas sensacionais como o GP da França do mesmo 1999 no qual Barrichello dá um “x” antológico em Schumacher; vi a vitória mais espetacular de um piloto nos últimos 20 anos, aquela, a primeira em Hockemheim 2000, onde o brasileiro largando em 18º, vence, segurando sua Ferrari por mais de 10 voltas com pneus para pista seca numa pista úmida; vi as ultrapassagens sobre os Schumacher em Barcelona; vi mais vitórias em Silverstone, Suzuka, Valência, Nurburgring e Monza; vi as várias poles; vi os dois vice-campeonatos, os vários pódios e até algumas tristezas como as de Interlagos.
Mas, no final o saldo é positivo.
Manter a vontade por 18 temporadas seguidas no “circo” não é fácil, pressões vindas de todos os lados, tentações que até campeões do mundo não conseguiram suportar. Mesmo o título ainda não vindo, Barrichello mostrou que é grande, rápido e competente. Mesmo sendo criticado por uns, gozado por outros, mostrou que sabe sim dar a volta por cima e está aí.
Parabéns, Rubinho. Nesses 300 GP´s a Fórmula 1 te deu muita coisa, mas você ensinou mais. Ensinou o valor de ser honesto e o quão gratificante é se fazer o que gosta.
#tamojunto
Sempre achei que o problema do Rubinho foi a data de nascimento.
ResponderExcluirEle é bom piloto, mas QUALQUER brasileiro na F1 que corresse numa equipe de ponta na mesma época sofreria comparações com o Senna...