Sob o sol amordaçante e habitual de um domingo da capital baiana, o Gigante de Aço foi implodido. A manhã delineava o nascimento de mais um dia comum em Salvador. Praia, botequim, churrasco, conversas e peladas... Tudo nos conformes.
Mas ele estava lá. Desolado, ressentido, triste. Não via a cor daquela redonda, desde o fatídico dia 25 de novembro, há quase três anos. Foram incompletos 50 anos e 11 partidas pela canarinho nas costas. Merecia um breve descanso.
Breve.
Saudade. O sentimento de amar um passado que ainda não passou, recusar um presente que nos machuca e não vê o futuro que nos convida, palavras do Neruda. É um tempo volátil, instantâneo, mas que carrega lembranças indeléveis de um amor fraterno. Eu sei, é um estádio. Um personificado amigo querido, a infância de muitos. É doloroso, sim, mas é preciso ser sentida, apreciada.
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem... Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis!", saúdo, aqui, o nobre Fernando Pessoa. Nossa “Fonte” é umas das tais coisas. A representação de nossas vidas.
Reina, canta, sofre, chora, dorme. Gritos, gols, frustrações, perdas e ganhos... A marca do guerreiro.
Não te conheci, profundamente. Arrependo-me. Posso contar, sem esforços, os meus comparecimentos. Não foi por falta de vontade, eu o subestimava. Acordava ao teu lado, sentia o calor de seus dias, de seus domingos, e depois cessava. De repente. Mea culpa, ausência de hábito. Mas não me esqueço do nosso dia: 14/12/2003. Tempo de glórias!
Não se aflija Gigante, a volta será intensa, reverberante, implacável! Um alento. Você perdurará em nossas gerações, será parte integrante de outras infâncias... É apenas o sol que será renovado. Quando acordar, verá vós a tua espera. O retorno será triunfante!
Jaz aqui, a minha despedida. Prematura, talvez. Mas sincera.
Para a nossa Fonte Nova.
"Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate..."
Trecho da música "Gostava tanto de você" - Tim Maia
Neruda e Fonte Nova, tá aí uma mistura que nunca passou pela minha cabeça.
ResponderExcluirNOVA Fonte NOVA para abertura de 2014, sonho de baiano bebado, não?
Uma leitura, um deleite... me orgulho de vc! Parabéns!!!!
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